os amigos sentados no pátio de terra
inquietam o carvalho
pelo que trepou em quarenta anos
respiram a infância
e a eternidade aprende
o casulo da liberdade
dentro da mão a pergunta
sabes como caminham os lobos
Este livro fez um longo caminho de vários anos, surgiu num tempo de recolher obrigatório mas precisou de muitas horas de liberdade para uma reconstrução. Eu e o Jorge conhecemos-nos há bem mais tempo e temos partilhado o fascínio das palavras, da prosa e poesia, dos livros e autores em conversas longas onde cabe uma amizade. Eu gosto das palavras para construir imagens e o Jorge constrói mundos inteiros com elas, neste livro congeminamos os lugares por onde caminham os lobos.
Mas o que são as narrativas senão uma metáfora do mundo, uma visão poética do que vivemos, sendo neste olhar que relacionamos momentos e criamos as memórias, de pessoas, lugares, de nós mesmos. É preciso para isso parar e demorar, contrariar a urgência dos dias e ter tempo para respirar a infância, lembrar e não esquecer as perguntas que temos dentro das mãos. Convido cada pessoa que tenha um pouco de tempo para ler/ver este livro e que com ele redesenhe e reescreva novos caminhos para andar.
Fevereiro 2025